19 junho 2011

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Constelações Familiares



Em todo relacionamento existem nós, emaranhados profundos, de onde não se consegue puxar o fio, mesmo quando se deseja ardentemente. As tentativas são geralmente frustradas porque seguem os padrões do consciente. No entanto, toda pessoa é influenciada por padrões inconscientes, não apenas os próprios, mas os de todos os grupos aos quais se pertence, incluindo gerações e gerações passadas onde existem, ainda atuantes, pontos fundamentais para que sejam desatados os nós.

Bert Hellinger, psicanalista alemão contemporâneo, depois de intensa pesquisa, tem feito um trabalho terapêutico com grupos (de 20 a 40 pessoas, aproximadamente), usando a técnica da “constelação familiar” para revelar as relações inconscientes que nos influenciam, no aqui-agora, dentro do sistema familiar. Essa técnica tem esse nome porque as pessoas envolvidas, ao se postarem para o trabalho, formam com seus corpos, uma espécie de “constelação”.
A pessoa a ser terapeutizada, ou melhor, “constelada”, no dizer de Bert Hellinger, propõe uma dificuldade sua, para que sejam encontradas soluções. Em seguida escolhe, entre os participantes do grupo, representantes para si e para as demais pessoas envolvidas em seu emaranhamento. Então, ela as posiciona, umas em relação às outras, sem dizer nada, simplesmente colocando as mãos nos ombros de cada uma e conduzindo-a para o lugar que acha mais adequado na constelação. Os representantes permanecem concentrados sem nada dizer. Instruídos a não usar o racional, só prestam atenção aos efeitos que o lugar onde estão posicionados provoca e apenas comunicam esses efeitos, que podem ser dramáticos, quando o terapeuta os questiona a respeito. Tais efeitos refletem, de modo surpreendente, as emoções e as percepções, até de sintomas físicos, das pessoas representadas, as quais nem estão ali presentes, e sem que os representantes tenham sido informados.
Como isso acontece é bastante intrigante, no entanto, o próprio descobridor dessa maravilha diz que, assim como existe o “inconsciente coletivo” proposto por Jung, devemos aceitar que existe um “inconsciente familiar”, um “inconsciente grupal” com o qual estamos diretamente conectados, e nada mais.
É surpreendentemente simples! Não há nenhuma explicação, além dessa, que a razão humana possa alcançar. E nem precisa.
Interessante é assinalar que os representantes e os observadores, mesmo não tendo sido constelados, percebem, alguns dias depois de terem participado, que também desemaranharam alguns de seus nós pessoais. Relatam, ainda, que os efeitos benéficos da constelação alcançam até outras pessoas muito próximas, posto que algumas mudanças significativas ocorrem no comportamento delas também.
A abordagem de Bert Hellinger, ao explorar as dinâmicas mais profundas do inconsciente, faz as pessoas se conscientizarem de como forças, anteriormente despercebidas, afetam os relacionamentos. Por exemplo, relacionamentos amorosos frustrados que um dos cônjuges teve anteriormente, continuam afetando energeticamente qualquer relação presente ou futura, até que o vínculo existente seja resolvido, ou harmonizado, na constelação. Outro exemplo que ninguém poderia sequer imaginar, é a influência de pessoas que se excluíram ou foram excluídas da família, assim como alguém que saiu de casa para morar em outro lugar, ou em outro país, algum aborto espontâneo ou provocado, algum suicídio ou morte trágica, doenças graves, etc. Essa influência atua, mesmo que o fato tenha ocorrido em gerações passadas. É como se houvesse uma “memória celular”.
Assim sendo, uma constelação passa, tipicamente, por dois estágios. No primeiro, influências ocultas são reveladas, mesmo que a pessoa constelada nem tenha conhecimento delas. No segundo, comentários (apenas entre o terapeuta e a pessoa em questão) e esforços para se encontrar soluções são descobertos ou recuperados e, então, testados na constelação. E é importante salientar que a “solução” vem sempre da alma da pessoa constelada, nunca do terapeuta. Este é, somente, um facilitador.

A “Constelação Familiar” é apenas um entre os vários temas propostos para serem trabalhados. Existe constelação para problemas de comunicação, para dificuldades em sentir e em demonstrar emoções, dificuldades com o dinheiro, para as relações profissionais, educacionais, etc. Então, o conjunto de constelações, que abrange todos os setores da vida, denomina-se “Constelações Sistêmicas”.

Todo o trabalho desenvolvido por Bert Hellinger se baseia na fenomenologia dos “Sistemas Sociais e Psicológicos” do ser humano.

Sinteticamente, os tópicos mais importantes a serem trabalhados, em todos os tipos de constelações, são: 1) a hierarquia (ordem), de acordo com os papéis sociais e a posição que o indivíduo ocupa dentro do sistema em questão.
2) a natureza do vínculo existente entre as pessoas - todos têm o mesmo direito de pertencer ao sistema.
3) o equilíbrio entre o dar e o receber.
4) o restabelecimento dos laços afetivos através dos sentimentos de amor e de compaixão.

Você pode conhecer muito mais sobre o assunto,  visitando o site www.consteladoressistemicos.com e conhecendo a CBCS (Comunidade Brasileira dos Consteladores Sistêmicos). A CBCS está procurando agregar todos os profissionais que trabalham com constelações, sejam constelações familiares, empresariais, organizacionais, educacionais, estruturais, espirituais, etc.

No site dos consteladores você encontrará os endereços onde os consteladores atuam, em diversos estados do Brasil. 

Escrito por Vera Bassoi
Psicoterapeuta, Psicanalista Transpessoal e Pós-Graduada em Psicossomática.
Com formação em Constelações Sistêmicas e em ENEAGRAMA.
Criadora do curso-terapêutico "As Chaves para o Autoconhecimento", o qual já está
no seu décimo ano.

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